Júri absolve jovem acusada de tentar matar padrasto no litoral de SP; ela passou mais de dois anos presa
12/11/2025
(Foto: Reprodução) Jovem ficou detida no Centro de Detenção Provisória Feminino de Franco da Rocha
Reprodução
Adriele Aparecida Guilherme de Andrade, de 23 anos, foi absolvida após permanecer 2 anos e 7 meses presa, acusada de tentar matar o padrasto a facadas em São Vicente, no litoral de São Paulo. O júri reconheceu que ela agiu em legítima defesa, após ser enforcada por Daniel Borges da Silva, que responde a outro processo por lesão corporal.
O caso ocorreu em 2 de abril de 2023. Segundo o Ministério Público, Adriele teria atacado o padrasto em vingança por ameaças à irmã. A jovem, porém, afirmou que foi surpreendida ao ir à casa da mãe, onde discutiu com ele, foi enforcada e agredida, reagindo em defesa própria.
A defesa, liderada pelo advogado Mário Badures, sustentou a legítima defesa e destacou o histórico de violência do padrasto, preso em 2024 por agredir outra companheira. O advogado explicou que Adriele havia ido ao local apenas para entregar talheres à mãe, já que Daniel costumava vender objetos da residência para comprar drogas.
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Nos autos, consta que ela não sabia da presença dele no imóvel. Durante a discussão sobre mensagens enviadas à irmã, Adriele o chamou de “pedófilo”, foi atacada e reagiu com um talher.
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O júri acolheu a tese e absolveu a jovem, decisão celebrada pela defesa, que criticou a falta de provas e lembrou das negativas aos pedidos de liberdade durante o processo.
“O que imperou até então foi a prova de ouvir dizer oriunda da vítima, contumaz agressor de mulheres, que nunca prestou depoimento nos autos, assim como pelo malfadado in dubio pro societate (na dúvida, em favor da sociedade)”, diz o comunicado da defesa.
Conforme o processo, o padrasto não chegou a se manifestar em juízo e, durante a tramitação, foi novamente preso em junho de 2024, suspeito de agredir a companheira com quem vivia em Gália (SP).
“A inversão dos polos que fez a verdadeira vítima virasse ré, permanecendo custodiada desde abril de 2023”, ressaltou o advogado. Nos autos, também foram anexados trechos de boletim de ocorrência em que a então companheira relatou agressões frequentes, uso de drogas, furtos de objetos da casa e ameaças de morte.
“A absolvição em plenário põe um fim a um processo que jamais deveria ter sido no júri julgado, quer seja pela falência probatória quanto ao crime de homicídio e a clarividente reação nos limites da legítima defesa”, finaliza.
De acordo com a sentença, o Ministério Público abdicou de recorrer da decisão. O g1 solicitou posicionamento, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem.
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